quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal para quem?

Escrevi esse texto às pressas a pedido de um amigo, após uma conversa sobre o assunto. Tinha que ficar pronto para hoje, por razões óbvias. E posto aqui o que consegui fazer. Espero ter sido coerente. O Natal é um tema complexo; inicialmente existiam festas pagãs nesse período do ano e a igreja as transformou em festas religiosas por motivos estratégicos, e incluíram o nascimento de Jesus para que fosse comemorado. Hoje quando todos brindam o natal, pouca gente se lembra de seu real significado, até mesmo entre os que se dizem cristãos. Esse blog deseja a seus poucos leitores um feliz natal, desejamos que a história do Jesus libertário seja lembrada em outras épocas do ano em 2009, e não somente no dia 25. Para os que não comemoram o natal, desejamos muita diversão e alegria...


Segue pequeno texto:

A grande festa do consumo tem mais uma edição. A festa pagã que se transformou em festa religiosa e virou novamente pagã, hoje tem como seu maior símbolo o Papai Noel, que desfila pelas cidades e fotografa nos Shoppings. Natal e Shopping, aliás, é a combinação perfeita; não há período do ano em que os mercadores lucrem tanto. É o lado Coca-cola do Natal.

O nascimento de Jesus, premissa mentirosa para as comemorações já caiu no esquecimento, como era de se esperar. A história de Jesus, aliás, foi deturpada desde seu berço. O Homem feio e humilde se transformou num galã de cinema louro e de olhos azuis; o Jesus “americanizado” é hoje de igual forma o símbolo da prosperidade apregoada pelas igrejas “neopentecostais”, cuja doutrina se alastra para as demais denominações. O nascimento de Jesus é o acontecimento que dá mais lucros aos mercadores que ele mesmo expulsou do templo de Jerusalém.

Nesse momento, o Jesus revolucionário, que contestou doutrinas e leis, que foi contra o sistema e a autoridade vigente, que criticou o acúmulo de bens materiais e que defendeu os pobres e oprimidos, ficou para trás. O Jesus da religião é esse que nasce em dezembro e morre em Abril.

Muitos correm para se adequar as exigências da cultura, o problema é que muitas vezes a cultura impõe, mas a economia proíbe.

No mundo, um bilhão de pessoas sobrevive com menos de um dólar por dia, e 2,7 bilhões com o equivalente a dois dólares. A solidariedade que sobra nessa época do ano falta nos dias restantes. O jovem rico que foi conversar com Jesus não saiu muito contente. Ele afirmava que sabia tudo da palavra, que seguia os mandamentos, e perguntou o que lhe faltava. Jesus então respondeu dizendo para que ele dividisse tudo o que tinha com os pobres; o jovem vendo que tinha muitas propriedades saiu desolado.

A bíblia é clara quando diz que não se deve ajuntar tesouros na terra; e que, ai daquele que ajuntar casa sobre casa e terra sobre terra, até que seja o único dono do lugar. Temos Deus como um grande aliado pela reforma agrária e urbana; pena que a igreja seja contra.

O Jesus de hoje perde em importância até para o coelhinho da páscoa; logo o homem ao qual João Batista se dizia indigno de carregar as sandálias; e João que foi um personagem de importância tamanha, vivia no deserto, vestia roupas feitas com pêlos de camelo e comia gafanhotos com mel; bem diferente dos sumo sacerdotes que viviam no templo, vestiam as melhores roupas e comiam do bom e do melhor. Dou uma bala para quem adivinhar com qual deles Deus falava. E por quem Jesus foi batizado.

Que o espírito solidário sobreviva com ou sem natal.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Criada a CPI da dívida!

A requerimento do Deputado Federal Ivan Valente (PSOL/SP) foi criada a CPI da Dívida; destinada a investigar a dívida pública da União, Estados e Municípios, o pagamento de juros da mesma, os beneficiários destes pagamentos e o seu impacto nas políticas sociais e no desenvolvimento sustentável do País.

A notícia é antiga mas é boa...

Enfim uma auditoria nessa pouca vergonha.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Assistência Técnica Gratuita

"O Plenário do Senado aprovou, na noite desta quarta-feira (3), projeto de lei da Câmara (PLC 13/08) que assegura às famílias com renda mensal de até três salários mínimos assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitações de interesse social, como meio de efetivar o direito à moradia, garantido pela Constituição. A matéria vai agora à sanção.

De autoria do deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), o PLC determina que a assistência técnica prevista abranja todos os trabalhos do projeto de construção da moradia, ficando o acompanhamento e a execução da obra a cargo de profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia. Segundo o autor da matéria, praticamente todas as áreas urbanas convivem com "números inaceitáveis em termos de déficit habitacional e com a urbanização desordenada, realizada sem orientação técnica".

Além de assegurar o direito à moradia e assistência técnica, o projeto busca otimizar e qualificar o uso e aproveitamento racional do espaço edificado e de seu entorno, formalizar o processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação perante o poder público municipal, e evitar a ocupação de áreas de risco e interesse ambiental.

A garantia do direito previsto na proposta deve ser efetivada, segundo o texto, mediante apoio financeiro da União aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Os serviços de assistência técnica devem ser custeados por recursos de fundos federais direcionados à habitação de interesse social, por recursos públicos orçamentários ou recursos privados.

A assistência técnica pode ser oferecida diretamente às famílias ou a cooperativas, associações de moradores ou outros grupos organizados que as representem. O projeto permite também que sejam firmados convênios ou parcerias entre entes públicos e entidades promotoras de programas de capacitação profissional, residência ou extensão universitária nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia."

Agência Senado

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Eduardo Galeano no Rio de Janeiro

Essa semana o escritor uruguaio Eduardo Galeano passou pelo Rio para fazer a divulgação de seu novo livro, Espelhos – Uma história quase universal, lançado pela L&PM Editores. Na noite de autógrafos realizada na PUC, Galeano deu uma palestra para um auditório cheio e compenetrado; olhares e ouvidos atentos para não perder uma palavra sequer.

Durante o dia uma chuva torrencial castigou a cidade, centro parado, ruas alagadas, engarrafamento, barulho, pessoas correndo, metrô lotado. A entrada no auditório foi um alívio, o silêncio pairava no ar, só se ouvia a voz pausada de Galeano; que fala o que não é falado e conta o que não é contado. Até tentaram calar sua voz após a publicação de Veias abertas da América Latina, que se tornou um clássico; quando seu livro foi censurado pela ditadura Galeano foi irônico: “As pessoas não podem ver o que escrevo porque escrevo o que vejo.”

Hoje sua palavra é livre e cada vez mais clara e perfeita, Eduardo Galeano virou uma espécie de oráculo da esquerda e símbolo da resistência à exploração dos povos oprimidos, suas frases de efeito são citadas em livros e camisas. Na conversa sobre seu livro, Galeano falou sobre sua vida, sobre o exílio, sobre política e como não podia ser diferente, destilou suas ironias.

Disse que os direitos das mulheres são tratados como direitos de minoria, mesmo com o fato claro e evidente de que as mulheres correspondem à metade da população, “Metade pra mim não pode ser minoria; bem, até pode, mas não é muito racional”, ironizou.

Também comentou sobre as eleições nos Estados Unidos, dizendo que considera importante a eleição de Obama num país de grande tradição racista; mas ressaltou que tem problemas para identificar as diferenças entre Republicanos e Democratas, que possuem, quase sempre, o mesmo discurso.

Eduardo Galeano leu trechos de seu novo livro e fez comentários, é difícil saber qual foi o clímax de uma conversa tão especial, assim como é difícil escolher qual é o melhor texto de Galeano. Agora é esperar a próxima.

Seu novo livro já está entre os mais vendidos na Espanha, Uruguai e Argentina.

sábado, 15 de novembro de 2008

Série Perguntas 1 - Loic Wacquant

Política penal, um instrumento de mercado?

Os ideólogos dizem que esse encarceramento em massa reduziu a criminalidade, mas os dois fatores não têm relação alguma. A política penal tornou-se autônoma, seu discurso desvinculou-se da questão do crime para funcionar como instrumento de regulação do mercado, da mão-de-obra desqualificada, e de cunho ideológico, simbólico, reforçando a discriminação contra os pobres, os negros, fazendo-os crer que estão em situação social inferior por conta de sua própria incapacidade.

O Estado penal americano gasta mais de 50 bilhões de dólares em prisões e gera um custo social gigantesco, desestabilizando bairros pobres, rotinizando a presença da polícia. Hoje, ser preso é um fato banal nos bairros pobres americanos. Desenvolvi um trabalho de campo numa academia de boxe de um gueto negro americano em Chicago. Certo dia, os colegas estranharam a ausência de um dos alunos mais dedicados, e o treinador, tranqüilizando-os, disse que não havia acontecido nada, apenas ele tinha sido preso – como se dissesse que ele fora comprar pão na esquina! Se a prisão é banalizada, doses cada vez mais fortes serão usadas para obter o mesmo efeito.

Dentro das prisões a situação também vem piorando. Os Estados Unidos, com essa política, em 1980 passaram a precisar de uma nova prisão de mil lugares por semana. Assim, por uma razão prática, tiveram que entregar sua construção, e todo seu projeto e administração, ao setor privado, o que antes ainda atende a um motivo ideológico, o de privatizar todos os serviços possíveis e anular cada vez mais o Estado. O setor privado reduz até a comida para cortar gastos e aumentar o lucro. As prisões, que já eram desumanas, agora se tornam inumanas.
A reabilitação de presos deixou de ser um objetivo do sistema, não dá lucro. A única função do sistema carcerário americano atual é punir, punir para que o criminoso “sinta na carne” o mal que teria causado, ou para mantê-lo afastado das ruas. Na verdade, por que se encarcera? Por medo e por desprezo ao pobre. A prisão promete a falsa solução de tornar invisíveis os problemas sociais, mas na verdade ela os concentra e agrava.

Trecho de uma entrevista publicada no jornal francês, Le Monde.

Loic Wacquant é sociólogo e professor da Universidade de Berkeley.

domingo, 9 de novembro de 2008

Terrorismo Poético?

Que nossa caneta seja a melhor das armas
mas que as ações, sobretudo,
tudo mude, em nós e ao nosso redor
dor que se sente, que se mente
mente insana, assassina
sina da minha vida, inconseqüente
te levo além, com um gesto ou olhar
arte que subverta, transgrida
ida e volta, por caminhos sombrios
rios de lágrimas, de sangue
gueto fechado, subjugado
adormece e se esconde
onde não se faça ironia
a fala seja clara, sem reserva
valer a pena, sem pressa
essa será a filosofia.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Deus salve a América

Os dois principais temas da atualidade são as eleições e a crise mundial, sobre o resultado das eleições penso ser melhor nem falar nada; portanto, falemos da crise.

A crise atravessou o atlântico, aliás, não atravessou o atlântico; mas chegou ao Brasil. Você entendeu, é isso o que importa. Milhares de frangos no sul estão morrendo de inanição porque seus donos não têm dinheiro para lhes comprar comida, um dos produtores resolveu distribuir frangos para a população como forma de protesto; bela estratégia de marketing. Resta saber se ele faria o mesmo por uma causa maior: matar a fome das pessoas.

Nos EUA uma articulista de um grande jornal sentenciou: “Americanos, bem vindos ao terceiro mundo”. Parece que a colega escritora não conhece muito bem o terceiro mundo, mas se o que ela quis dizer foi que a crise é grave, então entendemos. A crise em Cuba também é grave, mais grave do que os jornais noticiam; aliás, mais grave do que os jornais não noticiam... Os furacões arrasaram milhares de hectares de plantações e meio milhão de casas. Caucula-se um prejuízo de 5 bilhões de dólares. O governo americano ofereceu 100 mil dólares de esmola para ajudar a ilha comunista, cifra irrisória frente aos 700 bi para o mercado financeiro. Como em Cuba, citando Eduardo Galeano, “falta muita coisa, mas dignidade tem de sobra”, o governo rejeitou a oferta. O que os cubamos queriam mesmo era comprar equipamentos em caráter de urgência de empresas estadunidenses, mas não puderam por causa do embargo econômico.

E os americanos da banda do norte seguem confiando no invisível. Não na mão invisível, mas no grande invisível, nesse mesmo que você está pensando; a frase na cédula do dólar é emblemática: In god we trust.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Não ajuste o auto-ajuste


Veja de setembro 2008
Carta Capital de outubro 2008

por Karina Meireles em http://karina-meireles.blogspot.com/

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Muito espertinho...

O prefeito do Rio, Cesar Maia divulgou seus números sobre a dengue; segundo os cálculos a cidade de Italva estaria na primeira colocação em mortandade, enquanto que a capital figuraria em décimo lugar. O que ele esqueceu de mencionar é que Italva registrou apenas uma morte por dengue, número ínfimo se comparado às mortes na cidade do Rio de Janeiro. Os cálculos da prefeitura foram feitos utilizando uma proporção entra os óbitos e o número de habitantes de cada cidade, assim foi possível colocar Italva com uma morte em 13 mil habitante na primeira colocação. Há uma incorreição grave na lista do prefeito e dá pra suspeitar de má-fé; é impossível comparar uma pequena cidade do interior com a capital e seus milhões de habitantes quando se trata dos impactos da dengue, que na cidade do Rio de Janeiro fora bem visíveis. Claro que criticar Cesar Maia é chover no molhado, sobretudo quando se trata da epidemia de dengue; mas essa não dava pra deixar passar.

sábado, 18 de outubro de 2008

A revolução foi televisionada

Eduardo Paes é um revolucionário. Foi da direita para a esquerda como num passe de mágica. Um giro de 180 graus (e não de 360 como diria um BBB). Ou melhor, foi para a pseudo-esquerda, porque a verdadeira esquerda não o aceitaria.

Chegou a ser Secretário-geral do PSDB, e sinceramente, tinha o meu respeito. Hoje não é mais do que um político oportunista, como a maioria. Agora fala para os pobres, suburbanos, aqueles que “não possuem plano de saúde”, tem o apoio da pseudo-comunista Jandira, já que comunista que é comunista não apóia Eduardo Paes. Também tem o apoio de Lula , tema sobre o qual não quero me deter aqui por razões pessoais; e como diz o professor João Luiz Pinaud, devemos evitar criticar o Lula para não colocarmos a azeitona na empada da direita; aliás o Lula era a azeitona que faltava à empada de Eduardo Paes, e a recíproca pode ser verdadeira.

Há quem diga que Lula, sabendo da derrota em São Paulo, quer fingir que ganhou no Rio, com Paes. Isso não é problema, afinal, Serra também fingirá que ganhou se der Gabeira.

sábado, 11 de outubro de 2008

TSE Muda o Slogan das Eleiçoes 2008

O Egrégio Tribunal reconheceu que 'Vota Brasil' não tem sido muito eficiente frente ao descrédito que a política vem sofrendo nos últimos tempos. Por isso, para incentivar o eleitor a votar, o TSE criou um novo lema: "Para Quem Está se Afogando Jacaré é Tronco. Agarre o seu!". Assim quem sabe mais pessoas resolvem votar.

Se rir é o melhor remédio, porque não eleger o Bozo?

Motivos para se Votar no Gabeira: Ele já sequestrou um embaixador dos EUA. Porque perder a chance de eleger o primeiro prefeito ex-terrorista do Brasil? Isso foi na época da Ditadura (ou Revolução Democrática, depende de ponto de vista, se como ponto de vista se entender um posição ideológica sem nenhum respaldo sócio-histórico), então não tem problema. Não é como se elegêssemos o Unabomber! (talvez neste caso pudéssemos passar direto para explodir as favelas, um atalho nosso no sistema democrático, afinal se a morte de alguns é necessária, segundo declaração de certa autoridade, porque não um pouco de terapia de choque?). Afinal, o próprio partido oriundo dos líderes democráticos da ditadura militar (sic) apóia a Gabeira, a ARENA, que dizer PFL, que dizer DEM. Como um partido chamado Democratas pode ser ruim? É quase o nome de uma casa de samba da "juventude alternativa" (só não se sabe alternativa a que), logo deve ser do bem. Além disso, o Niemeyer está com ele e um cara com nome de avenida deve saber o que faz. O Gabeira faz o impossível realidade (os "ex-ditadores" apoiarem um "ex-subversivo" e vice-e-versa), o que será que ele não conseguirá fazer pela nossa cidade?

Motivos para votar no Paes: Ele teve mais votos nas regiões mais pobres, logo é o candidato do povo (pois o povo não mora na Zona Sul, mas sim na Baixada. Na Zona Sul temos cidadãos). Como a voz do povo é a voz de Deus, isto quer dizer que Deus quer o Eduardo Paes na Prefeitura do Rio. Quem é você para discordar do Todo Poderoso? Também, ele tem o apoio do Cabral, nosso governador. Sendo eleito o Paes, teremos os Supergêmeos da Liga da Justiça (ou Superamigos, depende do canal) nos governando. Aí o Cabral fala "forma de um helicóptero Apache blindado com metralhadoras giratórias" e o Paes fala "forma de um trator de demolição" (como o que ele teria supostamente usado quando foi sub-prefeito da Barra) e resolve-se o problema da desordem urbana. Além disso, o Lula está com ele, assim como o Vladimir Palmeira. Agora, você pode estar achando estranho o Vladimir apoiar o candidato que é apoiado por aquele que foi seu rival nas últimas eleições para Governador.Ele era totalmente contra o tático blindado, por exemplo. Mas isso foi a dois anos, é passado. Já deu tempo de perdoar e esquecer. Duas virtudes muito cristãs. Nós brasileiros somos muito cristãos.

Motivos para Não Votar: Como escolher entre a Metamorfose Ambulante e um superherói do planeta Exxor? Impossível! Temos que conseguir aquela tecnologia de fundir duas pessoas do Dragonball Z até novembro, assim tudo se resolve. Teremos Eduardo Gabeira: o candidato do povo que era subversivo e agora é apoiado pelos "ex-dirigentes" da ditadura e pode se transformar em um pterodátilo. Como o mundo seria bom...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Neoliberalismo em tempos de cólera

Os liberais não sabem onde enfiar a cara depois que o governo estadunidense aprovou o pacote de 700 bi para conter a crise do mercado. Os mais recalcados foram contra o pacote, os menos foram a favor com o bom e velho argumento da eficiência: "o Estado pode dar seus pitacos se for ajudar na eficiência do mercado". E que grande pitaco deu os EUA, afinal 700 bi não se acha em qualquer esquina. E não foi só isso, os EUA estatizaram as empresas Fannie Mae e Freddie Mac, além se salvar a AIG se tornando sócio da grande seguradora. O que fica cada vez mais claro é que esse modelo de economia não sobrevive sem o Estado; ou melhor, sem o modelo atual de Estado.

Para o sociólogo Loic Wacquant o que se desenvolve nos EUA é uma espécie de Estado centauro, dotado de uma cabeça liberal, que aplica a doutrina do "laissez faire, laissez aller, laissez passer" com relação as causas das desigualdades sociais, mas com um corpo autoritário que se torna extremamente paternalista quando se trata de punir as consequências dessa desiguadade. Não é à toa que os EUA tem a maior população carcerária do mundo; uma parte do estado está sempre presente, e forte.

Os grandes economistas seguidores de Reagan e Thatcher se explicam a todo tempo, basta ler os jornais...

A balela liberal da "mão invisível" que regularia o mercado, apregoada por Adam Smith, já caiu por terra faz tempo; mas é incrível como tem sempre alguém querendo dar soco em ponta de faca.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Isso não é uma ironia

Nos corredores do Fórum um escrivão sindicalista opina: " Prefiro a guerra ao Paes"

Numa parede da UERJ alguém deixa um aviso: "Quem conhece Cabral não vota em Paes"

Uma pequena parcela do povo frequenta o Fórum. Uma parcela menor ainda vai à UERJ.

O povo assiste televisão...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aumento para quem?

Os servidores do Poder judiciário do Rio de Janeiro estão em greve por tempo indeterminado, o projeto de reajuste de 7,3 % foi retirado da pauta de votação no último dia 24 na Alerj, como já havia acontecido na semana anterior. As manobras dos três poderes representados pela trilogia Murta-Picciani-Cabral continuam; ontem a principal rua de manifestações do sindicato foi fechada pela PM, impedindo a circulação dos manifestantes e a entrada do carro de som. O presidente do sindicato (Sind-Justiça-RJ), Amarildo Silva, resimiu bem a situação: "a rua virou uma propriedade do Tribunal de Justiça".

Cabral e Picciani alegam que já deram aumento para a segurança e para a educação, e que não podem estender para os outros setores. O citado "aumento" foi o que representou o incrível impacto de menos de 40 centavos para soldados e pouco mais de 70 centavos para cabos da Policia Militar e Bombeiros; aliás, soldados e cabos da Policia Militar são os que geralmente estão no front de batalha da "guerra" instaurada pelo Estado nas comunidades carentes.

Esse mesmo aumento "para a educação", não foi estendido aos professores da UERJ que também estão em greve por tempo indeterminado. A situação na UERJ é tão crítica que a reitoria está ocupada pelos estudantes (mais e melhores informações no blog da ocupação, cujo link se encontra ao lado).

Já a elevação do teto do STF retroativo à janeiro de 2007(!?!?) vai causar um impacto de R$ 224,78 milhões aos cofres públicos e cada ministro e o procurador-geral receberão R$ 28.175,00 de atrasados; e mais, todos os juízes receberão o retroativo já que o aumento vincula a magistratura.

O Estado funciona tão bem para alguns...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Polícia para quem?

No Palácio da Justiça (sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) três vendedores de café foram parar na carceragem por vender café, é que o trabalho dos ambulantes desagrada os magistrados interessados nos lucros dos quiosques.
A Justiça é cega, mas tem sempre alguém querendo ver por ela.

Essa semana três sindicalistas do Sind-Justiça-RJ, incluíndo o Diretor Presidente Amarildo Silva, foram presos por "panfletagem"; se os sindicalistas não podem panfletar, o que mais podem fazer??

Onde está a polícia para o casal Garotinho, para Roberto Jefferson, Daniel Dantas, Maluf, etc ?

E o Estado segue sua política de ordem: criminalização dos pobres, dos movimentos sociais, da atividade sindical...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Diálogo imaginário com um candidato

- Como você tem mudado de idéia, Eduardo!

- Não, não, Diogo, nunca mudei de idéia.

- Claro que sim, você era do Partido Verde e do grupo do prefeito, depois mudou para o PFL e para o PTB, retornando ao PFL em seguida. Saiu do grupo do prefeito e foi para o PSDB fazendo forte oposição à Lula. Concorreu com Cabral o governo do estado e apoiou Alckmin para presidente. Passou para o PMDB e hoje é do grupo do Cabral e da base aliada ao presidente lula.

- Sim, isso sim.

- E ainda diz que não mudou de idéia?!

-Claro que não. Minha idéia foi sempre a mesma: estar no poder.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus

Neste ano de 2008, comemora-se o aniversário de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Brasil, em especial, temos outras comemorações de importantes marcos na construção da nossa suposta democracia, como os 120 anos da abolição formal da escravidão, os 20 anos da Constituição Federal e a maioridade do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Apesar da importância desses documentos, as celebrações oficiais apresentam um Brasil que não existe, mostrando um país comprometido com a efetivação dos direitos fundamentais. Mas a História nos traz outra realidade.

Nos últimos anos, o Estado brasileiro tem se mostrado o principal violador dos direitos dos seus cidadãos. Seja através de suas inúmeras omissões ou ações violentas, o Estado mata e deixa morrer, assim como não garante o mínimo de serviços básicos para sua população, como saúde, saneamento e moradia. As poucas vozes que se levantam contra essas práticas são reprimidas, criminalizadas ou busca-se escondê-las, sejam estas movimentos sociais, organizações não governamentais, sindicatos ou apenas indivíduos preocupados com as opções de política de Estado que os governos que vem fazendo.

Buscando denunciar esta realidade e suas violências cotidianas, estas mesmas entidades, movimentos e pessoas resolveram se juntar e organizar um evento que denuncie este Estado hipócrita e assassino, apresentando um contra-discurso que efetivamente discuta a questão dos direitos fundamentais e suas violações no Brasil. Daí surgiu o projeto “Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus”, uma iniciativa popular que discutirá toda esta problemática.

Para este trabalho foram escolhidos quatro grandes temas:
• Violência policial e as mega-operações no Rio de Janeiro: a chacina do Complexo do Alemão e outros casos
• Violência e genocídio de jovens negro e pobres em São Paulo: os crimes de Maio/2006 e as execuções sumárias sistemáticas
• Prisão e execuções sumárias na Bahia: o sistema carcerário e a morte de jovens negros
• Criminalização e violência estatal contra movimentos sociais e sindicais

O Tribunal será realizado nos dias 4, 5 e 6 de dezembro de 2008 na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco, mas diversos eventos preparatórios serão realizados até lá. Convidamos a todos para participar desta construção!


Mais informações: tribunalpopular[arroba]riseup[ponto]net

sábado, 13 de setembro de 2008

Os Sem-terra

Sebastião Salgado os fotografou. Chico Buarque os cantou. José Saramago os escreveu: cinco milhões de famílias de camponeses sem-terra deambulam, “vagando entre o sonho e o desespero”, pelas despovoadas imensidões do Brasil.

Muitos deles se organizaram no Movimento dos Sem-Terra. Desde os acampamentos, improvisados às margens das rodovias, jorra um rio de gente que avança em silêncio, durante a noite, para ocupar os latifúndios vazios. Rebentam o cadeado, abrem a porteira e entram. Às vezes são recebidos a bala por pistoleiros e soldados, os únicos que trabalham nessas terras não trabalhadas.

O Movimento dos Sem-terra é culpado: além de não respeitar o direito de propriedade dos parasitas, chega ao cúmulo de desrespeitar o dever nacional: os sem-terra cultivam alimentos nas terras que conquistam, embora o Banco Mundial determine que os países do sul não produzam sua própria comida e sejam submissos mendigos do mercado internacional.

Eduardo Galeano, em “ De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso”. 9ª Ed. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Meu primeiro post! Viva a vida de forma "nunc ecta servinda pacta lobus". E Seja feliz!

CERTIDÃO

Certifico e dou fé que aqui se inicia o Blog "Estado Para Quem?".

Não temos muitas pretensões.

Não queremos derrubar governos. Aliás, sim, queremos derrubar governos, mas no momento não temos todo esse poder...