quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Blog na Comissão Interamericana de direitos Humanos!

Essa é um das poucas vezes que me dirijo diretamente (e somente) aos leitores desse blog (são poucos, mas são loucos!). Não que eu não me preocupe com eles (ou vocês!), mas a escrita não serve apenas para causar uma relação entre o escritor e o leitor, mas também pode ser um ato de desabafo, ou simplesmente um meio de ‘guardar’ um conhecimento.

Portanto, nesse momento, quero tão somente passar uma informação.

O que enrolei pra dizer (e que na verdade já disse no título do post e você inteligentemente já presumiu) é que o Eduardo, um dos colaboradores do Blog, foi selecionado para estagiar na Comissão interamericana de direitos humanos (OEA) em Washington e começará no próximo mês. Isso quer dizer que teremos um infiltrado na Comissão, que passará as informações em tempo real pra gente! Tá bom. Empolguei-me, claro que não será em tempo real, mas o Eduardo vai tentar mandar as notícias de lá na medida do possível; bem como as informações sobre seu encontro com Noam Chomsky e sua passagem pela Rota 66.

Boa sorte pro Eduardo, ou apenas E. para os leitores do blog; esperamos que ele não tenha muito trabalho, pois quanto menos violações ao Direitos Humanos menos trabalho pra ele, não é mesmo?

Aguardemos...

sábado, 15 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Nem tudo na vida tem preço?

Acredito que todos vocês estejam familiarizados com a campanha publicitária do Mastercard. Aquela que, teoricamente, estaria afirmando a não monetarização de certos aspectos da vida contemporânea. Assim, nestes tempos em que tudo parece estar à venda, ainda teríamos alguns redutos de genuína afetivadade e interação "à moda antiga", pois certas coisas "não tem preço". A proposta da propaganda seria demonstrar como a companhia de cartão de crédito se solidariza com esta visão, mostrando que ela entende que seu papel é subsidiário na busca por um vida melhor, apenas providenciando o acesso facilitado a certos bens materiais, enquanto que a verdadeira felicidade não estaria nos produtos adquiridos, mas sim no resultado final, que transcenderia qualquer tentativa de apreensão mercadológica. Assim, o Mastercard passa a imagem de uma operadora de cartão de crédito com coração, diferente das demais, que apenas pensam em lucro e dinheiro.

É evidente que ninguém acredita nisto. A intenção não é que o espectador "compre" esta imagem acriticamente, mas baste que se tente passar algo - mesmo que apenas no plano inconsciente - para que o efeito propagandístico de alguma forma possa ser alcançado. A verdade é que, via de regra, você concorda que aquelas coisas não tem preço, mas isto não faz você querer ter um Mastercard (pelo menos não faz se você não for um(a) complet@ idiota). Porém, quero propor uma leitura diferente da propaganda. Talvez a intenção até seja que alguma besta se solidarize com a operadora de crédito, mas acho que há uma mensagem de fundo muito mais perversa, que pode ter sido colocada ali consciente ou inconscientemente pelos criadores da campanha.

Vou começar com um exemplo:














Não sei se dá para ler, mas o texto é o seguinte:
- Comprinhas na rótisserie R$55
- 1 garrafa de vinho tinto R$45
- 1 vestidinho novo R$120
- Ele te ligar no dia seguinte

Seguindo a lógica oficial, a propaganda estaria dizendo que o Mastercard apenas pode te ajudar a comprar vestidos, vinhos e o que quer que seja que você compra numa rótisserie, mas "ele te ligar no dia seguinte" já é outra história. Para isto, não há preço.

Porém, acho que podemos ler a mesma propaganda de forma absolutamente inversa. O que ela está dizendo é que ele te ligar possui sim um preço. O preço é que você tenha comprado o vestido, o vinho e o resto. A parte inicial da propaganda não está para fazer um contraste com o final. Muito pelo contrário. Ela dá a impressão de ser o caminho a ser percorrido para se chegar até o objetivo final e como este caminho custa, o objetivo tem sim preço.

Outro exemplo, mas desta vez infelizmente sem foto:

Computador R$1000
Livros e apostilas R$130
A emoção de passar no vestibular - não tem preço

O que temos, na verdade, é a equação: computador + livros e apostilas = passar na vestibular. A mesma lógica se dá em muitas das outras propagandas, como numa onde um cara esta viajando de balão e cai no meio do nada, mas como ele tem o Mastercard consegue comprar várias coisas e ir em várias festas. Ao final a mensagem: "voltar para casa cheio de histórias não tem preço".

O mesmo com uma outra onde um rapaz fica preso fora de casa pelado só com o Mastercard (insira aqui você sua piada sobre onde ele guarda o cartão) e, por isso, compra roupas e se alimenta. Ao final a mensagem: "ter dinheiro no bolso, mesmo quando não tem bolso, não tem preço"

Estas duas últimas evidenciam ainda mais a tese acima, pois é claro que o final só é possível graças ao Mastercard. Assim, ele é o possibilitador de experiências que não tem preço, logo o preço destas experiências é ter o dito cartão e gastar dinheiro comprando as coisas que te dão acesso a esta experiência mágicas "que não tem preço". O mais curioso é que estes dois últimos exemplos foram tirados de uma campanha que o próprio Mastercard fez na qual ele pedia que os consumidores contribuíssem criando suas próprias histórias. A operadora, então selecionou algumas, e eu destaquei as acima. Assim, o efeito oculto da campanha publicitária aparece de forma mais manifesta na tentativa dos alvos da propaganda de reproduzir sua lógica, o que corrobora a tese de que de fato há este efeito subversivo (no mal sentido) da campanha publicitária em questão.

Em suma, a campanha do "não tem preço", ao invés de estar afirmando que o dinheiro não compra tudo, acaba - intencionalmente ou não - produzindo o efeito contrário ou ao menos se insinuando na direção oposta: tudo tem preço, basta que você compre determinadas coisas que você conseguirá chegar onde quer; seja para conseguir que aquele cara te ligue, seja para passar no vestibular, seja para unir a família (outra propaganda onde todos da família moram em países separados e o preço das passagens aparece, mas passar o natal junto "não tem preço").

Talvez isto tudo seja apenas um delírio neurótico da minha parte - na verdade a premissa não foi criada por mim, eu apenas lembrei que algumas pessoas já tinham levantado esta hipótese e resolvi tentar escrever algo mais ou menos coerente -, mas acho que, ao menos, levanta alguma reflexão.