sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Castelo do Corregedor e Fim da Hipocrisia

Recentemente um certo corregedor democrático está no foco da mídia e da população brasileira. Pelo fato de possuir um imóvel de determinadas característica peculiares muitos demonstram seu ódio em relação ao referido político e o acusando de ser ladrão, de sonegar impostos e as demais acusações usuais que já fazemos há muitos anos para os políticos que, mesmo assim, continuamos sempre elegendo. Claro que falo do castelo medieval do novo corregedor da Câmara dos Deputados - o senhor Edmar Moreira - inspirado nos castelos medievais. Vocês podem ver alguns fotos e outras informações do castelo aqui: <http://conscienciapolitica.blogspot.com/2009/02/o-castelo-do-deputado-corregedor-do-dem.html>. Afora o fato de o castelo parecer a locação de um filme pornô no estilo medieval (algo tipo Whorecraft para os entendidos do meio) - incluindo a tradicional piscina no jardim e 36 suítes com hidromassagem para possível transformação em motel caso o douto esteja precisando tirar algum -, das normais reações exageradas de certas pessoas que mais parece recalque do que indignação legítima (afinal muitos gostariam de ter o castelo do ilustre político) e da adega para oito mil garrafas de vinho, outra coisa me chamou a atenção neste caso.

Há muito tempo falamos o quanto nossos políticos são hipócritas. Há muito tempo falamos que os políticos se encastelam nas suas torres de marfim e ficam cegos aos anseios da sociedade. Há muito tempo falamos que os políticos se colocam na posição de senhores feudais e vêem seus eleitores como vassalos, tratando seus currais eleitorais como feudos. Pois bem, ilustríssimo apenas resolveu fazer a coisa direito. Em vez de enganar o povo com uma fachada de bom moço que pouco tem e muito trabalha (como vemos nas declarações de posses de candidatos que nos dizem terem apenas um Fiat 147), foi honesto quanto a sua cegueira.

Fez logo um castelo para deixar claro quem ele é. Um senhor feudal dos tempos modernos. Enchendo-se de dinheiro e coisas inúteis enquanto o povo não tem onde morar e o que comer - no melhor estilo Maria Antonieta "que comam brioche". Só faltou a ponte levadiça e o fosso para proteger a propriedade da horda de miseráveis que eventualmente vai tentar ocupar o latifúndio improdutivo (ou ao menos devia). Mas acho que para isso já deve ter uma companhia de segurança armada até os dentes que contrata policiais "fora de serviço" ou "de folga".

Devemos agradecer ao nobríssimo por ter retirado o véu da hipocrisia que vestem a maioria dos nossos representantes. Se todos seguissem seu exemplo, saberíamos logo com que estamos lidando só de olhar para o naipe da figura e suas posses. Assim, se víssemos alguém com um capitão do mato do lado e um chicote na mão era só dizer: "aí vai um empreendedor do agronegócio". Se víssemos alguém com um daqueles relógios de hipnotizar que vemos nos filmes, já saberíamos que aquele indivíduo era um publicitário. Se nos deparássemos com alguém vestido de Rambo, já saberíamos que era um policial saindo para fazer vocês sabem o que. Se víssemos um rapaz de terno com um tridente vermelho ou um rabo pontudo de mesma cor, era fácil: advogado de grande empresa. Se encontrássemos uma figura com uma estrela de xerife presa na camisa, já saberíamos que era o Eduardo Paes.

Além disso, os próprios edifícios seriam mais transparentes. Por exemplo, aquelas três estátuas que ficam de um dos lados do Tribunal de Justiça da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro mudariam para estátuas de Larry, Moe, and Curly (mais conhecidos como os três patetas). O prédio do Congresso Nacional em vez de ser composto de um prédio vertical e dois pratos (um para cima e outro para baixo) mudaria para um falo e suas duas respectivas companheiras, já que isto melhor representa o que eles fazem conosco. O Cristo Redentor em vez de estar de braços abertos sobre a Guanabara estaria sentado numa latrina fazendo o número 2. A sede das principais companhias de televisão seria gigantescos teatros de marionetes (adivinha quem são as marionetes?).

A lista poderia continuar indefinidamente, mas acho que já deu para ter uma idéia do bem que seria para todos se todos seguissem o exemplo do democrático Edmar Moreira. Falando nisso, os partidos teriam que mudar de nome. Por exemplo, os Democráticos poderiam manter a sigla DEM, era só tirar o 'cráticos' do nome. O PSDB poderia adotar o antigo nome do DEM. Ou talvez os dois pudessem se juntar e fundar o PISC (Partido da Igualdade Social é o Caralho) ou PEPNA (Partido Em Prol dos que Não precisam de Ajuda). O PT só precisa adicionar um 'ex-' ao nome por extenso. O PSTU podia se chamar PML (Partido do Mundo da Lua). O PMDB de PSG (Partido Saco de Gato). E a lista continuaria.

Mas já chega de niilismo por hoje. Camus dizia que o niilismo não é sobre desespero e negação, mas sobretudo sobre o desejo por desespero e negação. Porém, se é preciso caos na alma para fazer nascer uma estrela dançante - como dizia Nietzsche - então acho que um pouco da iconoclastia gratuita que nasce desse desejo faz bem.

3 comentários:

Erica de Paula disse...

Gostei daqui tb!

Estou te linkando lá tá bom?

Voltarei sempre!

Bjs

Erica de Paula disse...

A politica desse país está cada vez mais suja!!!

kahmei disse...

é da boca do caixa diretamente para o castelo de greiscow..

Como diria minha vozinha:
"pimenta no cú dos outros é refresco!"