sábado, 27 de junho de 2009

Av. Mem de Sá, 234

Cerca de trinta famílias sem teto ocuparam um prédio na Av. Mem de Sá, centro do Rio. Eles estavam na rua já há alguns dias após um incêndio no prédio onde se encontravam anteriormente, na Av. Gomes Freire.

A reintegração na posse demorou menos de uma semana. É impressionante como a 'justiça' é ágil quando se trata de defender a propriedade. Ainda que seja uma propriedade abandonada, que não cumpre com sua função social, mandamento constitucional. Ainda que seja uma propriedade abandonada pelo Estado, um prédio público desativado. Ainda que os ocupantes sejam moradores sem teto, que querem apenas o direito de morar dignamente, uma garantia fundamental.

Todas as famílias foram despejadas ontem, incluindo um bebê de menos de um mês. Agora estão na rua, passaram a noite em frente à sede do INSS, dono do prédio abandonado, em forma de protesto. Nesse exato momento não se sabe onde estão. A polícia não mediu esforços para fazer cumprir o que a 'justiça' determinou. Os manifestantes que inicialmente gritavam: "não queremos briga, só queremos moradia" foram repelidos energeticamente pela tropa de choque da PM. Duas bombas "de efeito moral", spray de pimenta, quatro presos, uma gravata e várias cacetadas.

A porta foi serrada e os moradores saíram um a um para a porta da rua. Derrotados? Pode até ser. Mas sem perder a dignidade jamais.



Mais fotos em: http://oglobo.globo.com/rio/fotogaleria/2009/9305/

6 comentários:

Diogo disse...

Passei hoje em frente à sede do Inss e algumas pessoas ainda estão lá. É preciso ressaltar a ajuda dada por militantes e advogados populares no momento do despejo. E a atuaçaõ do Núcleo de Terras e habitaçaõ da Defensoria, que chegou a conseguir uma suspensão com um Juiz do plantão do judiciário na noite anterior, mas no dia seguinte a juiza natural do processo manteve a reintegração.

kahmei disse...

o estado que deveia garantir o direito de moradia (entre outro) é o primeiro a nega-lo por interesses mesquinhos...


...
sobre o meu post
Coloquei certos conceitos no post porque é o que mais percebo em alguns textos sobre educação, pensei a respeito disso e também penso como você, estou cansada de rotulos...
Nascemos sem escolhas, o que nos resta é criá-las!

Mauro Sérgio Farias disse...

Infelizmentee, não dá para acalentar muitas esperanças de vitória no campo judicial. Como já disse um professor meu, o Direito é o campo da burguesia por excelência.

Vão até aparecer indivíduos com uma mentalidade mais progressista entre advogados e juízes. mas a Justiça, como instituição, joga contra nós.

forte abraço

Geilton Fonte disse...

é lamentável.

Diego Moreira disse...

Lamentável...

Escrevi em meu blog um texto embuído pela campanha midiática que visou influenciar a sociedade a favor de muros nas favelas.

Um contraponto necessário, como o que vejo neste blog. O link é este: http://geografiassuburbanas.blogspot.com/2009/04/sobre-muros-caveiroes-e-remocoes.html

Passa lá! Abraços!

CHRISTINA MONTENEGRO disse...

Fico feliz e aliviada diante da tua inquietação...
Bjs!