sábado, 31 de janeiro de 2009
Breve nota sobre uma política (a)normal
Nos últimos dias acompanhamos pelo noticiário a ação das polícias militar e civil, no morro da mangueira. Quatro pessoas supostamente envolvidas com o tráfico foram presas, e duas foram mortas.
O Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame deu entrevista à rede Globo para falar sobre o caso; após uma matéria ele opinou sobre o crack, dizendo que essa é uma das piores drogas, pois é a droga da pobreza. Que qualquer um com 1 real pode se drogar com ela, e quem não tem poder aquisitivo para comprar uma droga mais elaborada acaba comprando o crack mesmo. Por isso é preciso combater a pobreza, disse o secretário. Disse ainda o que já era esperado, que a repressão continuará.
Beltrame parece ter boa intenção, fala bem, passa sinceridade. Mas na verdade, se desconstruirmos seus argumentos veremos que ele não faz mais do que reproduzir o mesmo discurso da segurança pública que é desenvolvido há anos no Rio e no Brasil. A repressão, e só a repressão.
A retórica do combate à pobreza soa como clichê, assim como nos discursos dos políticos quando falam de “saúde e educação”, que já virou um neologismo dos tempos de propaganda partidária: “saudeducação”; agora, uma única palavra.
O Secretário de Segurança Pública sabe para quem está voltado o sistema jurídico-penal, sabe quem vai preso e quem morre nos combates da polícia; sabe qual é o verdadeiro teor da política de segurança desenvolvida no Rio, também usada muito bem em São Paulo e Recife, e que se espalha para o resto do país. Rio, São Paulo e Recife, aliás, não por acaso, são as cidades onde mais morrem jovens pobres baleados no Brasil.
O Secretário de Segurança Pública sabe que é difícil combater às drogas “mais elaboradas”, usadas por quem tem mais “poder aquisitivo”, pois essas são traficadas em altos condomínios, em festas de “gente rica”, onde o caveirão não pode entrar.
O Secretário de Segurança Pública sabe que aqueles que aparecem armados e encapuzados na TV, e aqueles que superlotam o sistema carcerário são apenas o topo do iceberg, e que a base fica escondida. Sabe que o tráfico de drogas é tão organizado que sua real organização não é visível.
O Secretário de Segurança Pública sabe que o Brasil está entre os países que mais encarceram no mundo. Sim, o Brasil não é o país da impunidade. Dizer que o Brasil é o país da impunidade é esconder hipocritamente a punição histórica de que sofre uma parcela da população; e é sempre a mesma parcela.
O Secretário de Segurança Pública sabe que essa política de segurança pública atual, não é tão atual assim. Ela é bem antiga. E ele sabe que a situação só piorou nos últimos anos. Parece que há algo errado.
O discurso contra a pobreza feito por parte do secretário de segurança pública é simbólico, indo além do lugar-comum que se tornou o argumento, vemos que ele representa muito bem o que é essa política de segurança pública.
O Secretário de Segurança Pública afirma: “é preciso combater à pobreza”; agora sim entendemos.
A pobreza virou questão de segurança pública.
O Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame deu entrevista à rede Globo para falar sobre o caso; após uma matéria ele opinou sobre o crack, dizendo que essa é uma das piores drogas, pois é a droga da pobreza. Que qualquer um com 1 real pode se drogar com ela, e quem não tem poder aquisitivo para comprar uma droga mais elaborada acaba comprando o crack mesmo. Por isso é preciso combater a pobreza, disse o secretário. Disse ainda o que já era esperado, que a repressão continuará.
Beltrame parece ter boa intenção, fala bem, passa sinceridade. Mas na verdade, se desconstruirmos seus argumentos veremos que ele não faz mais do que reproduzir o mesmo discurso da segurança pública que é desenvolvido há anos no Rio e no Brasil. A repressão, e só a repressão.
A retórica do combate à pobreza soa como clichê, assim como nos discursos dos políticos quando falam de “saúde e educação”, que já virou um neologismo dos tempos de propaganda partidária: “saudeducação”; agora, uma única palavra.
O Secretário de Segurança Pública sabe para quem está voltado o sistema jurídico-penal, sabe quem vai preso e quem morre nos combates da polícia; sabe qual é o verdadeiro teor da política de segurança desenvolvida no Rio, também usada muito bem em São Paulo e Recife, e que se espalha para o resto do país. Rio, São Paulo e Recife, aliás, não por acaso, são as cidades onde mais morrem jovens pobres baleados no Brasil.
O Secretário de Segurança Pública sabe que é difícil combater às drogas “mais elaboradas”, usadas por quem tem mais “poder aquisitivo”, pois essas são traficadas em altos condomínios, em festas de “gente rica”, onde o caveirão não pode entrar.
O Secretário de Segurança Pública sabe que aqueles que aparecem armados e encapuzados na TV, e aqueles que superlotam o sistema carcerário são apenas o topo do iceberg, e que a base fica escondida. Sabe que o tráfico de drogas é tão organizado que sua real organização não é visível.
O Secretário de Segurança Pública sabe que o Brasil está entre os países que mais encarceram no mundo. Sim, o Brasil não é o país da impunidade. Dizer que o Brasil é o país da impunidade é esconder hipocritamente a punição histórica de que sofre uma parcela da população; e é sempre a mesma parcela.
O Secretário de Segurança Pública sabe que essa política de segurança pública atual, não é tão atual assim. Ela é bem antiga. E ele sabe que a situação só piorou nos últimos anos. Parece que há algo errado.
O discurso contra a pobreza feito por parte do secretário de segurança pública é simbólico, indo além do lugar-comum que se tornou o argumento, vemos que ele representa muito bem o que é essa política de segurança pública.
O Secretário de Segurança Pública afirma: “é preciso combater à pobreza”; agora sim entendemos.
A pobreza virou questão de segurança pública.
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6 comentários:
Isso aí é o que os psicólogos chamam de "ato falho". Sem sentir, ele acabou se traindo. Quando falou em combater a pobreza, no fundo ele queria mesmo era falar em combater os pobres.
Muito bom seu texto..
O verdadeiro poder paralelo é o do Estado..
Pq o tráfico com todas as suas vertentes já dita as regras a muito mais tempo..
por isso o negocio agora é matar os pobres que quase não dão luvro!!
...
O CICAS é em São Paulo - Zona Norte
na Vila Sabrina
^^
ops, lucro*
:p
ops' lucro [2]
beijos
Oi...
Valeu pela visita no nosso blog...
Vim aqui no seu dar uma navegadinha. Muito boa a qualidade dos textos... Parebéns.
cb
nossa, muito boa aquela música que você me deixou (:
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