sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aumento para quem?

Os servidores do Poder judiciário do Rio de Janeiro estão em greve por tempo indeterminado, o projeto de reajuste de 7,3 % foi retirado da pauta de votação no último dia 24 na Alerj, como já havia acontecido na semana anterior. As manobras dos três poderes representados pela trilogia Murta-Picciani-Cabral continuam; ontem a principal rua de manifestações do sindicato foi fechada pela PM, impedindo a circulação dos manifestantes e a entrada do carro de som. O presidente do sindicato (Sind-Justiça-RJ), Amarildo Silva, resimiu bem a situação: "a rua virou uma propriedade do Tribunal de Justiça".

Cabral e Picciani alegam que já deram aumento para a segurança e para a educação, e que não podem estender para os outros setores. O citado "aumento" foi o que representou o incrível impacto de menos de 40 centavos para soldados e pouco mais de 70 centavos para cabos da Policia Militar e Bombeiros; aliás, soldados e cabos da Policia Militar são os que geralmente estão no front de batalha da "guerra" instaurada pelo Estado nas comunidades carentes.

Esse mesmo aumento "para a educação", não foi estendido aos professores da UERJ que também estão em greve por tempo indeterminado. A situação na UERJ é tão crítica que a reitoria está ocupada pelos estudantes (mais e melhores informações no blog da ocupação, cujo link se encontra ao lado).

Já a elevação do teto do STF retroativo à janeiro de 2007(!?!?) vai causar um impacto de R$ 224,78 milhões aos cofres públicos e cada ministro e o procurador-geral receberão R$ 28.175,00 de atrasados; e mais, todos os juízes receberão o retroativo já que o aumento vincula a magistratura.

O Estado funciona tão bem para alguns...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Polícia para quem?

No Palácio da Justiça (sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) três vendedores de café foram parar na carceragem por vender café, é que o trabalho dos ambulantes desagrada os magistrados interessados nos lucros dos quiosques.
A Justiça é cega, mas tem sempre alguém querendo ver por ela.

Essa semana três sindicalistas do Sind-Justiça-RJ, incluíndo o Diretor Presidente Amarildo Silva, foram presos por "panfletagem"; se os sindicalistas não podem panfletar, o que mais podem fazer??

Onde está a polícia para o casal Garotinho, para Roberto Jefferson, Daniel Dantas, Maluf, etc ?

E o Estado segue sua política de ordem: criminalização dos pobres, dos movimentos sociais, da atividade sindical...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Diálogo imaginário com um candidato

- Como você tem mudado de idéia, Eduardo!

- Não, não, Diogo, nunca mudei de idéia.

- Claro que sim, você era do Partido Verde e do grupo do prefeito, depois mudou para o PFL e para o PTB, retornando ao PFL em seguida. Saiu do grupo do prefeito e foi para o PSDB fazendo forte oposição à Lula. Concorreu com Cabral o governo do estado e apoiou Alckmin para presidente. Passou para o PMDB e hoje é do grupo do Cabral e da base aliada ao presidente lula.

- Sim, isso sim.

- E ainda diz que não mudou de idéia?!

-Claro que não. Minha idéia foi sempre a mesma: estar no poder.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus

Neste ano de 2008, comemora-se o aniversário de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Brasil, em especial, temos outras comemorações de importantes marcos na construção da nossa suposta democracia, como os 120 anos da abolição formal da escravidão, os 20 anos da Constituição Federal e a maioridade do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Apesar da importância desses documentos, as celebrações oficiais apresentam um Brasil que não existe, mostrando um país comprometido com a efetivação dos direitos fundamentais. Mas a História nos traz outra realidade.

Nos últimos anos, o Estado brasileiro tem se mostrado o principal violador dos direitos dos seus cidadãos. Seja através de suas inúmeras omissões ou ações violentas, o Estado mata e deixa morrer, assim como não garante o mínimo de serviços básicos para sua população, como saúde, saneamento e moradia. As poucas vozes que se levantam contra essas práticas são reprimidas, criminalizadas ou busca-se escondê-las, sejam estas movimentos sociais, organizações não governamentais, sindicatos ou apenas indivíduos preocupados com as opções de política de Estado que os governos que vem fazendo.

Buscando denunciar esta realidade e suas violências cotidianas, estas mesmas entidades, movimentos e pessoas resolveram se juntar e organizar um evento que denuncie este Estado hipócrita e assassino, apresentando um contra-discurso que efetivamente discuta a questão dos direitos fundamentais e suas violações no Brasil. Daí surgiu o projeto “Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus”, uma iniciativa popular que discutirá toda esta problemática.

Para este trabalho foram escolhidos quatro grandes temas:
• Violência policial e as mega-operações no Rio de Janeiro: a chacina do Complexo do Alemão e outros casos
• Violência e genocídio de jovens negro e pobres em São Paulo: os crimes de Maio/2006 e as execuções sumárias sistemáticas
• Prisão e execuções sumárias na Bahia: o sistema carcerário e a morte de jovens negros
• Criminalização e violência estatal contra movimentos sociais e sindicais

O Tribunal será realizado nos dias 4, 5 e 6 de dezembro de 2008 na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco, mas diversos eventos preparatórios serão realizados até lá. Convidamos a todos para participar desta construção!


Mais informações: tribunalpopular[arroba]riseup[ponto]net

sábado, 13 de setembro de 2008

Os Sem-terra

Sebastião Salgado os fotografou. Chico Buarque os cantou. José Saramago os escreveu: cinco milhões de famílias de camponeses sem-terra deambulam, “vagando entre o sonho e o desespero”, pelas despovoadas imensidões do Brasil.

Muitos deles se organizaram no Movimento dos Sem-Terra. Desde os acampamentos, improvisados às margens das rodovias, jorra um rio de gente que avança em silêncio, durante a noite, para ocupar os latifúndios vazios. Rebentam o cadeado, abrem a porteira e entram. Às vezes são recebidos a bala por pistoleiros e soldados, os únicos que trabalham nessas terras não trabalhadas.

O Movimento dos Sem-terra é culpado: além de não respeitar o direito de propriedade dos parasitas, chega ao cúmulo de desrespeitar o dever nacional: os sem-terra cultivam alimentos nas terras que conquistam, embora o Banco Mundial determine que os países do sul não produzam sua própria comida e sejam submissos mendigos do mercado internacional.

Eduardo Galeano, em “ De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso”. 9ª Ed. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Meu primeiro post! Viva a vida de forma "nunc ecta servinda pacta lobus". E Seja feliz!

CERTIDÃO

Certifico e dou fé que aqui se inicia o Blog "Estado Para Quem?".

Não temos muitas pretensões.

Não queremos derrubar governos. Aliás, sim, queremos derrubar governos, mas no momento não temos todo esse poder...